De 27 de Setembro a 7 de Outubro, Óbidos é Ponto (d)e Encontro. Encontro de escritores, leitores, artistas, músicos, livros, letras… e muitos Pontos de vista diferentes. A quarta edição do FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos conta com mais de 830 horas de programação em torno do tema “Ócio, Negócio — A Invenção do Futuro”.
A Vila Literária de Óbidos em destaque no The Guardian
Estamos em destaque no jornal Britânico The Guardian. Desta feita a Vila Literária é referida como uma das 10 melhores cidades do livro do mundo.
“Óbidos is a beautiful, historic hilltop town with a wall that encloses a compact medieval centre filled with cobbled streets and traditional houses. The town – just over an hour north of Lisbon – was previously best-known for its annual chocolate festival and as the home of the cherry-based liqueur, ginjinha. Then José Pinho, owner of Lisbon bookshop Ler Devagar (Read Slowly), had the idea to change Óbidos into a book town.”
LATITUDES, literatura e viajantes 2018
De 26 a 29 de Abril decorre o Festival literário Latitudes, literatura e viajantes, em Óbidos. Um evento a não perder!
13ª Feira Nacional do Livro de Poços de Caldas e Flipoços 2018
O FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos
O FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos é um passo enorme na estratégia do desenvolvimento regional sustentável e diferenciador. Pensámos este evento com uma ambição e ousadia tão grandes como a confiança que os decisores que nos apoiam depositaram em nós, ao assumir, connosco, esta vontade de criar o melhor festival literário de sempre. Assumi, desde 2013, este posicionamento estratégico com o arranque da Óbidos Vila Literária: 11 Livrarias e milhões de livros a habitar e re-habilitar o espaço urbano e a economia sustentada numa estratégia criativa, inovadora e diferenciadora para todas as áreas de atividade económica. Mas, não basta ser diferente.
É preciso ser autêntico.
E é, também, isso que o FOLIO vem acrescentar à estratégia Óbidos Vila Literária. Chamar ao sítio dos livros as pessoas que os preenchem: autores, editores, leitores, artistas, alunos, professores e curiosos. Este festival não limita a literatura ao espaço do(s) livro(s), mas cria relações improváveis de humanização, compreensão e comunidade. O FOLIO tornará possível a convergência entre o espaço que a literatura ocupa e o espaço que se ocupa da literatura, ampliando a conceção e a possibilidade de multiplicar a cultura e os outros setores de atividade económica numa relação exponencial, onde a criatividade dá lugar à inovação. A literatura, através do livro, abre
a porta a um universo de possibilidades. É a partir desta estratégia que Óbidos, na lombada de milhões de livros e milhares de milhões de histórias, traça o caminho que abre a porta do mundo moderno e da nova economia de criatividade e inovação.
Assim, contamos anualmente, com centenas dos melhores criadores, largas dezenas de sessões literárias, ilustradores, conferências, espetáculos e exposições. O melhor da cultura lusófona e mundial estará em Óbidos, que será, nestes 11 dias, o local em que tudo acontece.
É pura ficção. É real. E todos estão convidados.
(adaptado de Humberto da Silva Marques)
Prémio Literário assinala aniversário de Óbidos como Cidade Criativa da Literatura da UNESCO
Prémio Literário assinala aniversário de Óbidos
O lançamento do Prémio Literário Armando Silva Carvalho, que vai distinguir obras poéticas editadas nos países lusófonos, assinalou hoje o segundo aniversário da integração de Óbidos na rede de Cidades Criativas da UNESCO.
O prémio “é uma homenagem ao escritor [de Óbidos] cuja vida e obra merece ser divulgada nacional e internacionalmente”, afirmou hoje a diretora executiva da Óbidos Cidade Criativa da Literatura, Celeste Afonso, durante o anúncio do Prémio Literário Armando Silva Carvalho (1938–2017).
Natural do Olho Marinho, no concelho de Óbidos, Armando Silva Carvalho foi advogado, jornalista, professor do ensino secundário, publicitário e autor de uma vasta obra, sobretudo poética.
Daí que o prémio, o primeiro instituído desde a classificação de Óbidos como “Cidade Literária da UNESCO”, Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, a 11 de dezembro de 2015, se destine a premiar “obra poética publicada ao longo do ano em Portugal ou, em língua portuguesa, em todos os países da lusofonia”, explicou.
A distinção, cujo regulamento terá ainda de ser aprovado pela Câmara e pela Assembleia Municipal de Óbidos, não terá, segundo Celeste Afonso, um prémio pecuniário, mas sim “uma deslocação do vencedor a uma das Cidades Criativas da Literatura, durante três a sete dias”, para divulgação da obra, participação em tertúlias e encontros com escritores da respetiva cidade.
A primeira edição do prémio realiza-se em 2018, com a receção de obras candidatas até ao mês de maio, sendo o primeiro vencedor divulgado durante a terceira edição do Folio — Festival Literário Internacional de Óbidos, que decorrerá na vila entre os dias 27 de setembro e 07 de outubro do próximo ano.
A primeira cidade literária a receber o vencedor do Prémio Armando Silva Carvalho será Granada, em Espanha, a convite da Fundação Federico García Lorca.
A divulgação do prémio que assinala a comemoração dos dois anos da classificação de Óbidos foi feita no Centro de Design de Interiores (CDI), que a partir de hoje passa a ser “a sede oficial de Óbidos Cidade Literária da UNESCO” que assim passa a contar com um espaço físico “com informação sobre todas as cidades da rede e com uma nova dinâmica cultural”, acrescentou a mesma responsável.
O espaço, cedido à autarquia pela decoradora Maria José Salavisa (1925- 2006), funcionou durante alguns anos como um centro de promoção da aproximação entre os criadores e o público, organizando exposições, seminários, conferências e encontros relacionados com o design.
A partir de agora, a par da vertente informativa, “terá dinâmicas mensais de âmbito nacional e internacional” com “lançamentos de livros, tertúlias, ciclos de cinema e outros conteúdos”, adiantou Celeste Afonso.
A programação da casa estará também ligada aos dois principais festivais literários da Óbidos vila literária, o Folio e o Latitudes, um festival de literatura de viagens que arrancou este ano em edição piloto e que, de 26 e 29 de abril de 2018, cumprirá a primeira edição.
fonte:DN
World Literature Today: Ler Devagar
World Literature Today
Novembro de 2017
Ler Devagar
Lisbon is a city with no shortage of literary monuments. Look at downtown Chiado, where Livraria Bertrand continues its 285-year-old bookselling business uninterrupted, a meek world record. Along this same street, fanned out in a subtle triangle, Portugal’s greatest poets are frozen midjest or midparagraph in larger-than-life bronzes—Fernando Pessoa’s figure now permanently occupying his usual table outside Café A Brasileira, where the city’s writers once congregated to smoke and write and take their coffee. It is almost (almost) as though time has not passed at all. But the writers no longer take their coffee there.
Standing out amid all these pieces of history is Ler Devagar, a nascent palace of book culture more interested in restoration than preservation. After a brief stint in Lisbon proper, the bookstore relocated to the city’s fringe, opting to take up residence in the ex-industrial premises of Alcântara’s rapidly revitalized LX Factory (pronounced “el sheesh”). Now a hub of precocious restaurants, boutiques, art, and design, the area seems a perfect fit for Ler Devagar’s own ethos: not a site of Lisbon’s literary history but a sign of its literary future.
Ler Devagar“Read slowly.” That’s the literal translation of this three-story bibliophile’s dream and the persistent invitation of the shop’s open space. The optics are, in a word, stunning. Books line the aisles on the first floor and climb up every spare inch of wall on all three. To one side a massive outmoded printing press sits like a column, providing a tucked-away space for a coffee and wine bar (one of two in the store, with a cake shop to boot) and an anchor-point for the signature airborne sculptures strung across the shop: fanciful cyclist silhouettes lending an air of magic to the catwalks and stacked platforms. This is a place you can explore for hours on end even before you get to the books, an inexhaustible collection of new and secondhand titles with their own worlds to offer in a number of tongues.
It’s also a place where people can meet, mix, and collaborate. Ler Devagar is evidently designed with conversation in mind: everywhere tables are distributed plentifully, in unfussy clusters fit for lively groups and small, neat rows for quiet couples. Rotating exhibitions and regular readings, performances, and workshops push Ler Devagar from a bookstore to a dedicated community arts space. A small, still-functioning press rests on the uppermost platform amid an exhibition- and work-space for local artists; on one occasion, at least, it has spit out the warm, inked sheets of one of Lisbon’s award-winning independent newspapers. Sectioned off from the rest of the shop is the auditorium, Ouvir Devagar (“listen slowly”), comprising a stage and a couple dozen chairs that, if the online events calendar is any indication, receive ample use these days.
Ler Devagar has been counted among the world’s most beautiful bookstores for a few years now, but its larger project of restoration in Lisbon and around the country has also made it one of Portugal’s most valuable cultural projects. Just one example: in 2013 Ler Devagar proposed a project to restore eight different disused spaces in the historical castle-town of Óbidos, turning them into book-minded shops and spaces like the Literary Man, a library-style hotel decked with over forty thousand titles.
Two years later Óbidos became one of UNESCO’s twenty “Cities of Literature,” officially making history rather than preserving it. Along the way, Ler Devagar has made something else that may be just as important: an ample number of places for writers to take their coffee.
Grant Schatzman is a writer and editor in Norman, Oklahoma, and a student of English literature and letters at the University of Oklahoma.
Lançamento do livro “Só Acontece aos Outros” de Maria Antónia Palla
5 de Dezembro (Quinta-feira) 18:30
Lisboa – Livraria Ferin – Rua Nova do Almada 72, 1249-098 Lisboa
Lançamento do livro “Só Acontece aos Outros” de Maria Antónia Palla
Apresentação de Álvaro Laborinho Lúcio
Sibila Publicações
Aprender a rebeldia com os livros
Aprender a rebeldia com os livros
Até domingo, em Óbidos encontros com escritores, lançamentos de livros, concertos e muita atividade nas livrarias. Para falar de revoluções.
“Alguém aqui gosta de ler?” Noemi Jaffe lança a pergunta e fica olhando em volta os braços que se levantam a medo. Meia dúzia de braços no ar. Mais dois ou três hesitantes. “Alguém está lendo algum livro agora?”, quer saber Noemi. Essa pergunta é ainda mais difícil. Risos nervosos. “Estou a ler um livro mas não me lembro do autor.” Há quem refira Os Maias, de Eça de Queiroz, leitura obrigatória na disciplina de Português. Uma rapariga está a ler um livro de Bukowski. “E está gostando?” “Sim, é o meu autor preferido.”
O grupo é composto por cerca de 20 alunos do 10.º e do 11.º ano, vindos de uma escola no Laranjeiro (Almada). Metade é da turma de Turismo, a outra metade do curso de Fotografia. Vieram a Óbidos, acompanhados pelas professoras, de propósito por causa do festival literário Folio, com hora marcada para um workshop com a escritora brasileira Noemi Jaffe com o tema “Literatura, a língua revoltada”. Às três tarde, na Livraria da Adega.
A escritora, que está em Portugal a lançar o seu mais recente livro, O que os cegos estão sonhando?, também é professora e sabe bem como é difícil conquistar os jovens destas idades para a literatura. “Qual a diferença entre a nossa conversa quotidiana e a escrita literária”, pergunta-lhes. Se a conversa tem como objetivo a comunicação e, para isso, tem de seguir determinadas regras, a literatura tem como único objetivo o prazer. “O escritor escreve porque gosta de escrever, o leitor lê porque gosta de ler. Como não tem qualquer utilidade nem qualquer objetivo, o escritor pode escrever sobre o que quiser e como quiser, não tem de seguir quaisquer regras.” Noemi Jaffe fala-lhes de escritores que subvertem as regras como Guimarães Rosa, Mia Couto, José Saramago, Valter Hugo Mãe. Na verdade, conclui, “a literatura é um ato de rebeldia contra a obediência que praticamos todos os dias”. “Revoluções, revoltas e rebeldias” – esse é o tema da terceira edição do Folio. E Noemi Jaffe faz um jogo com os jovens, desafiando-os a escrever dez palavras que têm que ver com liberdade e a depois construir um texto sobre a revolta.
Para José Pinho a rebeldia pode ser tentar transformar uma vila turística numa vila literária. O homem que fundou a livraria Ler Devagar (agora na LxFactory) e que entretanto abriu nove livrarias em Óbidos e ainda assegurou a sobrevivência da Férin (no Chiado) foi também o criador do festival Folio e, apesar de este ano ter sofrido um revés no seu orçamento, não tem intenções de desistir. “Em 2015, a Unesco declarou Óbidos como Cidade Literária e isso dá-nos responsabilidade e impõe-nos objetivos”, diz. Está já a pensar na próxima edição do Folio e na segunda edição do Latitudes, o festival de literatura de viagem, e tem planos para em 2018 pôr de pé mais um festival, agora dedicado à poesia.
“Em 2015, a Unesco declarou Óbidos como Cidade Literária e isso dá-nos responsabilidade e impõe-nos objetivos”
“Um jornal chamou-lhe o Astérix dos livros, porque resiste como alma solitária ao avanço dos grandes grupos editoriais. É assim que se vê?”, pergunta-lha a jornalista Maria João Costa, da Rádio Renascença, no programa Obra Aberta, gravado ontem, ao vivo, na Casa da Música, em Óbidos. José Pinho está à vontade com essa imagem de resistente. “O negócio dos livros não é um grande negócio, mas mesmo não sendo rentável pode servir para outras finalidades”, explica. “Para todos nós que nos metemos nisto, os livros são um vício. E os vícios são caros. Isto para mim é um ócio. Enquanto não for um pesadelo…”
Quando sai da gravação do programa, José Pinho passeia por Óbidos, com o seu saco de pano branco ao ombro, confundindo-se com os turistas que bebem ginjinhas em copos de chocolate e compram artesanato de cortiça. É difícil circular na rua principal da vila por entre uma multidão que fala em várias línguas e sotaques. São poucos os que reparam nas placas amarelas do Folio que apontam o caminho para as várias livrarias e outros espaços de atividades. José Pinho passa pela Casa da Criação – onde o escritor Mário Zambujal fala da revolução tecnológica que, “não sendo política, tem efeitos políticos e em todos os aspetos da nossa vida” – e acaba por sentar-se na plateia da Livraria Santiago, instalada numa antiga igreja, para ouvir Hugo Maia, que traduziu As Mil e Uma Noites do árabe para português, explicar como ao procurar o manuscrito mais antigo se percebe que este livro é, afinal, muito diferente da versão adocicada e ocidentalizada que nos tem sido vendida.
“Esta obra não foi produzida pelas elites, pelo contrário, é uma crítica evidente ao açambarcamento da riqueza por essa elite e também uma forma de resistência aos déspotas que oprimem os mais fracos”, diz o tradutor. “Há um espírito de resistência popular em As Mil e Uma Noites.” Ou como disse Noemi Jaffe aos jovens alunos da Margem Sul: “Na literatura não temos de nos adequar às regras nem temer que os outros nos julguem loucos. Toda a arte é uma expressão da liberdade.” E é aí, nos livros ou pelos livros, que, tantas vezes, nascem as revoluções.
PUBLICAÇÃO ORIGINAL AQUI
Tinta-da-china. 12 anos no Folio
Tinta-da-china. 12 anos no Folio
Sempre gostei do Folio. A ideia de passar uns dias fora de Lisboa, dentro das muralhas de um castelo medieval, com tantos recantos onde apetece só sentar e ficar quieta, agrada-me. Juntar a isto boa música, ver boas exposições, ouvir e conversar com autores, rever amigos que só encontro nestas ocasiões, beber copos, dançar e principalmente visitar, devagar, livrarias onde descubro livros que não via há anos ou nem sabia que existiam, faz o resto.
Há uns meses, aceitei o desafio da Celeste Afonso, do José Pinho e da Julita Santos para pensar numa casa tinta-da-china que abrisse no Folio, em Óbidos. Como fazer? Para além de trazermos todos os nossos livros, queríamos aproveitar a casa ao máximo, preparando uma programação consistente, que não nos envergonhasse, nem ao Folio.
Quando, na semana passada, inaugurámos a Casa Tinta-da-china, tínhamos montado uma livraria e uma pequena grande exposição, com curadoria de José Pacheco Pereira, sobre censura durante o Estado Novo.
Ao longo destes primeiros dias de Folio, falámos sobre a Revolução Russa, com José Pacheco Pereira e José Neves; sobre a revolução no audiovisual com Pedro Mexia e Filipe Melo; sobre a forma como, enquanto sociedade, estamos a tratar os nossos velhos, com Dulce Maria Cardoso e Fernanda Câncio e, também, de gastronomia algarvia e de antiprincesas. Vimos ainda Ricardo Araújo Pereira a apresentar magistralmente António Prata, o melhor cronista brasileiro da sua geração que tenho a honra de publicar em Portugal.
No próximo fim-de-semana acaba o Folio, e com ele esta nossa nova experiência, que se tornou na comemoração dos 12 anos de idade da tinta-da-china.
Vamos terminar como começámos. Na sexta-feira, 26, estarei na nossa Casa, junto de Abel Barros Baptista e José Pacheco Pereira a falar de liberdade. Desta vez, de liberdade de expressão; sábado, Rui Tavares e Bernardo Pires de Lima vão debater a Europa actual e no domingo encerraremos falando de educação com Sérgio Niza, o mentor do Movimento Escola Moderna, Jorge Ramos do Ó e Joana Mortágua, sob o mote “Quem faz a escola?”.
Antes disso, no entanto, um dos momentos altos do Folio este ano será, sem dúvida, o encontro de dois fora de série: Ricardo Araújo Pereira e Gregorio Duvivier entrarão num bar e nós seremos os clientes.
O fim-de-semana vai ser rico por aqui. Dêem um salto a Óbidos e venham beber um copo connosco. É tudo de borla.
Bárbara Bulhosa
Editora Tinta-da-China