Tinta-da-china. 12 anos no Folio

Sempre gostei do Folio. A ideia de passar uns dias fora de Lisboa, dentro das muralhas de um castelo medieval, com tantos recantos onde apetece só sentar e ficar quieta, agrada-me. Juntar a isto boa música, ver boas exposições, ouvir e conversar com autores, rever amigos que só encontro nestas ocasiões, beber copos, dançar e principalmente visitar, devagar, livrarias onde descubro livros que não via há anos ou nem sabia que existiam, faz o resto.

Há uns meses, aceitei o desafio da Celeste Afonso, do José Pinho e da Julita Santos para pensar numa casa tinta-da-china que abrisse no Folio, em Óbidos. Como fazer? Para além de trazermos todos os nossos livros, queríamos aproveitar a casa ao máximo, preparando uma programação consistente, que não nos envergonhasse, nem ao Folio.

Quando, na semana passada, inaugurámos a Casa Tinta-da-china, tínhamos montado uma livraria e uma pequena grande exposição, com curadoria de José Pacheco Pereira, sobre censura durante o Estado Novo.

Ao longo destes primeiros dias de Folio, falámos sobre a Revolução Russa, com José Pacheco Pereira e José Neves; sobre a revolução no audiovisual com Pedro Mexia e Filipe Melo; sobre a forma como, enquanto sociedade, estamos a tratar os nossos velhos, com Dulce Maria Cardoso e Fernanda Câncio e, também, de gastronomia algarvia e de antiprincesas. Vimos ainda Ricardo Araújo Pereira a apresentar  magistralmente António Prata, o melhor cronista brasileiro da sua geração que tenho a honra de publicar em Portugal.

No próximo fim-de-semana acaba o Folio, e com ele esta nossa nova experiência, que se tornou na comemoração dos 12 anos de idade da tinta-da-china.

Vamos terminar como começámos. Na sexta-feira, 26, estarei na nossa Casa, junto de Abel Barros Baptista e José Pacheco Pereira a falar de liberdade. Desta vez, de liberdade de expressão; sábado, Rui Tavares e Bernardo Pires de Lima vão debater a Europa actual e no domingo encerraremos falando de educação com Sérgio Niza, o mentor do Movimento Escola Moderna, Jorge Ramos do Ó e Joana Mortágua, sob o mote “Quem faz a escola?”.

Antes disso, no entanto, um dos momentos altos do Folio este ano será, sem dúvida, o encontro de dois fora de série: Ricardo Araújo Pereira e Gregorio Duvivier entrarão num bar e nós seremos os clientes.

O fim-de-semana vai ser rico por aqui. Dêem um salto a Óbidos e venham beber um copo connosco. É tudo de borla.

 

Bárbara Bulhosa

Editora Tinta-da-China